sábado, 14 de abril de 2012

Como impedir a violência

O jornal A Razão pediu para que a pesquisadora Carmen Andrade sugerisse algumas orientações para que se consiga reduzir a violência contra o idoso. A professora constata que o debate sobre o envelhecimento não acompanhou o processo de avanço da população idosa no Brasil, que, hoje, é de 30%. Na Europa, por exemplo, o aumento do percentual de idosos aconteceu de forma gradual. Resumidamente, as dicas seriam:
- Promover a convivência entre as diferenças faixas etárias a fim de que se possam perceber tanto as potencialidades quanto as fragilidades em cada fase da vida, e, com isso, espelhar o futuro das gerações mais novas;
- Dar condições para a família se prepare para lidar com o idoso;
- Fortalecer o exercício da cidadania para que as pessoas tenham coragem de denunciar os atos de violência, e, a partir disso, apropriar os valores;
- Discutir temas relacionados ao envelhecimento, como a violência contra o idoso. Para a pesquisadora, as principais fomentadoras desse debate devem ser as instituições de ensino superior.

Sociedade não está preparada para conviver com a velhice

Para a professora Carmen Andrade, da Faculdade Palotina, a violência contra o idoso ocorre, entre outros motivos, por não haver uma preparação para a convivência com a velhice. “Nem todos nós estamos preparados para envelhecer e para conviver com o envelhecimento. Continuamos fazendo exigências de nossos pais de quando eles eram jovens. Quando nos defrontamos com o adulto que se torna um velho não há uma elaboração de perda. Não é o velho que perdeu a juventude ou a adultez. Nós é que perdermos os nossos pais e nossos familiares”, argumenta Carmen, que estuda e orienta trabalhos de graduação e pós-graduação sobre o envelhecimento humano. A pesquisadora acredita que “a violência contra o idoso é uma forma mal elaborada de lidar com o velho dentro de nós”.
Carmen explica que a agressão acontece dentro da família, pois é onde o idoso fica a maior do tempo, assim como a violência contra a mulher e a criança. O próprio cuidador do idoso acaba agredindo-o. “Ele não agride porque é mau, mas por existir um contexto de agressão. É a violência da produção em que se exige que essas pessoas estejam”. Sobre essa questão, a pesquisadora lembra que, em muitos lugares, o pensamento não é considerado trabalho. Assim, o papel principal do velho, que é o de manter a memória e a lembrança na família, acaba não sendo valorizado. Além disso, existe uma série de problemas sociais relacionados com a doença na velhice, como a falta de estrutura dos sistemas de saúde e previdenciário. “Viver muito é bom, mas só se tiver qualidade”, enfatiza.
A professora reforça que a legislação ligada ao idoso é muito boa e que existem propostas excelentes. No entanto, falta concretização. Um exemplo dado por Carmen é de sua própria mãe. Logo que o calçamento do canteiro Avenida Rio Branco, em frente à Catedral Metropolitana, foi concluído, a professora aproveitou para levar sua mãe, que é cadeirante, para passear. O detalhe notado na primeira volta é que há apenas uma rampa para subir. “A pessoa tem de subir e descer pelo mesmo lugar”, lamenta. “É uma agressão ao idoso quando se faz uma obra em que se é impedido de ir”, finaliza.

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