sábado, 14 de abril de 2012

Idosos vítimas de seus próprios filhos

O Conselho Estadual do Idoso divulgou, nesta semana, uma série de dados sobre a violência praticada contra o idoso com base em registros de fevereiro a abril deste ano. Segundo o conselho, 84% dos casos acontecem dentro de casa. A frequência das agressões chega a ser diária em 82% dos registros. O dado mais preocupante é que 58% dos agressores apontados nas ocorrências são os próprios filhos. O perfil predominante da vítima também é alarmante. A maioria das vítimas é mulher aposentada. Metade dos casos ainda envolve vítimas com mais de 85 anos. Os motivos das agressões são diversos: negligência (23%), abuso financeiro (9%) violência psicológica (8%). “Boa parte da sociedade não imaginava que isso acontecesse dessa forma”, comenta o secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira, sobre a violência contra o idoso praticada dentro das próprias casas e pelos próprios familiares.
Entre os dados que compõem as estatísticas apresentadas, 3% dizem respeito a denúncias feitas em Santa Maria, mesmo índice que em cidades como Bento Gonçalves, Bagé, Tramandaí e Viamão. Porto Alegre responde por 23% das denúncias, e Rio Grande por 8%. Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Gravataí, Torres, Canoas e Pelotas representam, cada uma, 5% do total de casos. Em relação aos dados de Santa Maria, Fabiano Pereira acredita que o índice demonstra que há uma comunidade mobilizada que tem conscientização do crime e que denuncia.
No ano passado, a Delegacia de Proteção ao Idoso de Santa Maria registrou 657 ocorrências. As mais comuns são furto, ameaça, injúria e contravenção (veja quadro). O delegado José dos Santos Araújo confirma os dados estaduais de que os filhos estão entre os principais agressores. Araújo acrescenta que, muitas vezes, são as pessoas que dependem financeiramente dos idosos e que acabam se apropriando da pensão para benefício próprio. Também ocorrem descuidos por parte de filhos que trabalham e acabam deixando em segundo plano os próprios pais.
“O idoso é tratado como o office boy da família. Como ele não paga passagem e tem atendimento preferencial em bancos e outros serviços, acaba sendo sobrecarregado. Como ele tem direito a empréstimo consignado, acaba fazendo para o cunhado. Existe uma sobrecarga muito grande da comunidade idosa”, diz Fabiano Pereira.
Para o secretário, o combate à violência contra o idoso é um compromisso de toda a sociedade, como os familiares, as comunidades, as igrejas e até a rede pública de saúde, que, tem, muitas vezes, condições, detectar sinais de agressão.
Nesta quarta-feira, dia 15, aconteceu o Dia Mundial da Luta Contra a Pessoa Idosa.  Em Santa Maria, houve a Semana Municipal da Não Violência contra a Pessoa Idosa, organizada pela Câmara de Vereadores.

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